30 de setembro de 2011

Entrevistas de trabalho e Metal

Na minha primeira entrevista de trabalho estava naturalmente nervoso!

É quase como a carta de conduçao, toda a gente ouve histórias de como se chumba com 4 erros onde 2 deles eram "rasteiras". Nas entrevistas sao aquelas perguntas que ninguém espera.

Lembro-me de em Gestao (sabem que sou assim, umas coisas lembram-me outras) o professor BC ter dito que a um amigo dele lhe tinham perguntado, sem mais nem menos, a meio da entrevista "Quantas bolas de tenis se produzem em Portugal por ano?"... O objectivo destas perguntas, se o entrevistador souber o que está a fazer e sentir necessidade de testar isso também, é o de testar a reacção ao stress, ao inesperado, está claro.
Há outras mais básicas como perguntar que animal gostaria de ser e ou a sua cor preferida e depois há aquelas engraçadas como "responda-me rápido: trocaria tudo o que sabe por metade do que nao sabe? Sim ou nao!"... a interpretaçao destas perguntas podem dar-nos algumas pistas sobre a personalidade da pessoa que temos à nossa frente.

Nao me fizeram perguntas estranhas, mas apanharam-me meio desprevenido numa:

Estava no final da entrevista que estava a correr bem, estava mais relaxado, e perguntaram-me:

E - "Estudou musica vejo!"
I - "No Conservatório sim."
E- "Qual é o seu compositor favorito?"
I - Edvarg Grieg - esta era fácil.
E - De onde é? Nao conheço!
I (completamente encavacado) - Am... realmente também nao me estou a lembrar, nao sei!
E - E qual a sua música favorita dele?
I (respondi rápido a música mais conhecida dele) - Amanhecer - mas a verdade é que nao me veio à memória que estava ainda meio atravancada a minha realmente favorita "In the Hall of the Moutain King", talvez também porque nunca consegui perceber bem como traduzir este nome.
E - Também nao conheço.
I - Deve conhecer, nao está a ver o nome, é muito conhecida, assim como a "Marcha dos Trolls", seguramente que já ouviu.

E mudamos de assunto!
No fundo nao foi muito mau, como nao era um assunto que a entrevistadora dominasse eu também nao fiz muita figura, mas fiquei encavacado.
O que devia ter respondido era: É um dos maiores compositores Noruegueses.

E porque é que eu me lembrei de isto agora? (Nao foi pela Gestao na verdade, essa veio de novo apenas no seguimento).
Ocorre que estava a ouvir a minha lista de "Clássicos" no YouTube e a dado momento, quando passa a "In the Hall of the Mountain King" vejo nas opçoes de lado que os Apocalytica tinham uma versao desta música.

Nao me julguem se eu disser que estive na Finlandia e nunca ouvi estes senhores (e sim eles chegaram mesmo a dar lá um concerto enquanto lá estive); decidi ouvir agora a sua versao e confesso: Adorei!

Tenho estado a ouvir mais músicas deles e... gosto eu afinal de Dark Metal, Black Metal, Death Metal ou la o que tocam estes senhores? Nao faço ideia e imagino que acabei de causar um ataque cardíaco a alguns leitores com a minha ignorância (se posso compensar posso dizer-vos o estilo, andamentos, compassos e instrumentos usados por Grieg), mas quase me importa pouco o que tocam, desde que toquem.

Se posso recomendar nao deixem de ouvir a sua versao da música de Grieg (nao deixem de ouvir Edvard Grieg no original está claro) e também ConclusionPandemonium,  Resurrection, Desilusion (e continuo a ouvir outras...)

Estou realmente surpreendido!

Mcdonald's

Estudei em Gestao que um dos factores de sucesso do Mcdonald's é a sua constância.
Estejamos em Portugal, em Espanha ou na Roménia em qualquer parte se pode pedir um Big Mac, ou um McBacon, ou até um Happy Meal!
As pessoas, regra geral, nao gostam de mudança, e optam normalmente pelo que lhes é familiar e o Mc proporciona isso. Se se está meio perdido e nao se sabe o que comer, no Mc sabe-se sempre o que pedir, como pedir e o que esperar.

Mas mesmo assim também este varia um bocado claro, tem de se adaptar minimamente ao contexto em que se encontra e daqui surge a minha curiosidade em perguntar aos meus conhecidos estrangeiros "O que é que o Mc tem de diferente no teu país?" e note-se: esta nao é uma pergunta que satisfaz meramente uma curiosidade caprichosa mas antes uma forma de entender até um pouco da cultura desse país, porque uma empresa como esta nao decide só porque sim pôr mais um sabor de gelados... se o faz é porque para o público alvo é importante e entendo assim um pouco mais daquilo que as pessoas valorizam nesse espaço.

Estava caminhando por Varese, Itália, e com o amigo de Taiwan que mencionei dois posts atrás (vou chamar-lhe P de Perfect pela forma como ele o dizia constantemente fazendo um O com o polegar e indicador e os 3 outros dedos extendidos) quando lhe pergunto:

I - P o que é que o Mcdonalds tem de diferente em Taiwan?

P - De diferente, como assim diferente?

I - Diferente! Em todos os países o Mc tem coisas que nos outros todos nao tem: em Portugal temos sopas tradicionais Portuguesas, em Espanha podem escolher entre "french fries" ou "patatas bravas" Espanholas, aqui em Itália vejo que têm uma variedade de gelados muito maior (e o McBacon tem 2 hamburgueres em vez de 1, e eu pensava que tinha ficado perfeito, porque gosto muito do McBacon mas nunca peço porque fico com fome, mas os 2 hamburgueres sao muito mais finos que um normal, por isso dá no mesmo, ou pior...), e em Taiwan? O que é que vocês têm de diferente?

P - Hum... bem... nao sei bem... hum... bem temos sopa também... e... hum... ah! o pao pode ser pao de arroz.

I - A serio? Uau, isso deve ser bem diferente, gostava de experimentar!

P - Sim é verdade.. Ah!! E, os ménus sao mais pequenos.

I- Mais pequenos?

P - Sim, o hamburguer, o pao, as batatas, é tudo mais reduzido.

I - Hum... isso na já nao gosto tanto - pensei

Já me disseram que no EUA quando se pede um super ou mega menu (ainda é assim que se diz?) nao sao so as batatas e a bebida que crescem é o hamburguer também... talvez em Taiwan tenham percebido que the bigger nao tem necessariamente de ser the better, nao sei, mas realmente sao pessoas muito, mesmo muito diferentes de nós, foi interessantíssimo conhecer um pouco da sua realidade.

29 de setembro de 2011

A Singularidade e o Jogo da Vida

Já uma vez escrevi aqui sobre as leis elementares do Universo, no post sobre o Criacionismo, mas nesse tempo mencionei apenas a Gravidade.
As 4 forças elementares ou leis elementares do Universo sao, por ordem decrescente de força: a Força Nuclear Forte, a Força Nuclear Fraca, a Força Electromagnética e a Força da Gravidade.
Entende-se por Forças Elementares as forças que nao podem ser explicadas por elementos mais simples ou mais básicos que elas próprias, ou seja elas existem e vao continuar a existir e sao elas que justificam e determinam todas as relaçoes da matéria e energia no universo... desde o átomo que colide com outro e forma uma molécula até ao pai que se atrasa a ir buscar o filho à escola.
Ao longo dos tempos diferentes Físicos têm tentado condensar estas leis numa só, uma lei elementar na qual se pudesse compreender todo o Universo e se pudessem justificar todos os acontecimentos físicos nele existentes.
O Universo demonstra que essa lei deve existir. Estas 4 nao justificam tudo! As questoes dos Buracos Negros e dos 3 primeiros segundos do Big Bang nao sao justificadas por estas leis. Einstein por exemplo devotou grande parte da sua vida na procura desta lei elementar, a sua Teoria da Relatividade Geral dava um entendimento muito mais completo do Universo, mas também ela falhava nos primeiros 3 segundos da origem de Tudo.
Esta é a Singularidade que ainda hoje Físicos de todo o mundo tentam encontrar.

...

Jonh Conway inventou em 70 o Jogo da Vida!
Este jogo tem pouco de jogo é mais um software, se o pomos num computador, que pretende representar um universo hipotético bidimensional de quadrículas infinitas cujo tempo passa por etapas/acontecimentos/cliques... Podem experimenta-lo no link acima.
Este universo tem apenas 3 leis:

1 - Um quadrado/célula viva com 2 ou 3 vizinhos vivos sobrevive (sobrevivência)
2 - Uma célula morta com exactamente 3 vizinhas vivas nasce (nascimento)
3 - Em todos os outros casos a célula morre ou permanece morta. Se nao tiver nenhuma ou apenas uma vizinha morre (solidao), se tiver mais de 3 morre também (sobrelotaçao)

E é isto!
Se forem ao link e "brincarem" um bocado neste Universo de células vivas e células mortas vao perceber que se pode tornar bastante complexo. Se experimentarem pôr, por exemplo, 3 células vivas na horizontal vao ver que na etapa seguinte esta "linha" passa a vertical, na seguinte volta a horizontal e assim infinitamente, a estes "organismos" chamamos Blinkers; se fizermos um quadrado de 2X2 temos um "ser" imutável que ficará estável para sempre, Still Life; mas depois há "seres" (ou combinaçoes de células vivas) mais complexos como como os Gliders que de 4 em 4 etapas voltam há sua forma original mas uma quadricula abaixo e ao lado parecendo planar pelo Universo; mais complexos ainda podem ser os Gosper Glider Gun que começam por ser um conjunto de Gliders e Still Lifes que se juntam e produzem um padrao eterno que autoproduz mais Gliders... Podem experimentar todas estas "figuras" no jogo que as tem predeterminadas para quem quiser.
Este Universo pode ser altamente complexo, podemos descrever leis físicas e químicas para estas estruturas que a dado momento parecem até ganhar alguma imprevisibilidade (inteligência?). Alguém que nao conheça as leis elementares deste Universo pode criar outras mais complexas que o vao explicando com maior ou menor exactidao os eventos: que um conjunto como os Gliders plana, ou que um quadrado de 2X2 se mantém eterno para sempre... mas estas leis... estas leis sao apenas aparentes, ou sao apenas faces de umas muito maiores, ou muito mais simples, elementares, singulares!

Apesar de podermos derivar uma série de leis aparentes este Universo tem bem determinadas as suas leis, que sao apenas 3 e percebendo-las percebemos tudo o que o condiciona, determina, projecta...

Conhecemos o nosso Universo recorrendo a leis aparentes com que pretendemos justificar a realidade; desde o átomo que colide com outro e forma uma molécula até ao pai que se atrasa a ir buscar o filho à escola...

...

A Força Electromagnética e a Força Nuclear Fraca mostraram-se uma única, simplificando as "leis" e resolvendo algumas "deselegâncias" destas leis por separado, a Força Nuclear Forte foi mais ou menos amanhada neste conjunto, alguns pressupostos algo extravagantes tiveram de ser considerados para consegui-lo mas a coisa parece mais ou menos aceite... agora, aquela que se mostra mais difícil de juntar, aquela que teima e nao dar a vitória aos Físicos é mesmo a mais simples, a mais evidente, aliás a primeira a ser descrita, a Lei da Gravidade!
A Lei da Gravidade parece ser a última barreira para entender a Singularidade, que é como quem diz, os mistérios do Universo, afinal, como alguém disse em certo momento: "somos apenas átomos e vazio"

Mas nao desanimemos, teorias vao surgindo e algumas parecem muito interessantes (extravagantes também... mas desde logo, as actuais nao deixam de o ser também).
A Teoria das Cordas, a Super Gravidade ou (englobando todas) a Teoria M sao teorias que parecem começar a lançar alguma luz sobre esta questao!
Gostava que pudessem, ou algo pudesse, ser demonstrado no meu tempo de vida... acredito que sim, parecemos perto, parecemos muito perto de entender... Tudo!

27 de setembro de 2011

CHÁ

Ou Tea em Inglês, bem como  em Espanhol, ou ainda Tee em Alemao e Finlandes, e também Thé em Francês, em Italiano e parecido com os outros Te em Norueguês... em Português, Chá!


Destoa um bocado nao?

Hum... nao!

Em Chinês disse-se: 茶 (chá)

Reza a História de que quando os Portugueses primeiramente trouxeram o Chá vindo da China para a Europa os Chineses marcavam as caixas com um T que simbolizaria a Cruz Cristã e os Portugueses, que traziam esta matéria trouxeram para o seu vocabulário a palavra também, CHÁ, enquanto outros recebiam de nós esta mercancia e a nomeavam pelo T que viam nas caixas.

Mas esta troca de bens (materiais, culturais e linguísticos) nao se fez apenas num sentido! Ora experimentem perguntar a um Chinês como se diz Pão em Chinês... como pessoas "nao-Portuguesas" é-lhes muito dificil vocalizar sons nasais (eu realmente nao percebo porque é tao dificil para os outros... mas realmente só nós é que o conseguimos fazer sem dificuldade...) e dir-vos-ão "Páo"!
Fomos nós que levamos o Pão até à China e aí ficou conhecido pelo nome Português.

Engraçado como a História tem destas coisas! Achei curioso quando mo contaram (ambos os casos em circunstancias muito diferentes... o primeiro por uma Portuguesa em Madrid, o segundo por um amigo de Taiwan em Itália, apesar de me terem contado primeiro o segundo e depois o primeiro) e gostava de conhecer mais semelhanças... Sabem mais alguma?


PS - O motivo pelo qual nao tenho escrito é que a agenda nao tem estado cheia, mas a transbordar... espero poder escrever com mais regularidade, até ja!

14 de setembro de 2011

Igor Maluco

Se tivermos a disposiçao para tal, refiro-me há disposiçao de quebrar o gelo e deixar a "bolha" de parte, as viagens sao acontecimentos espectaculares para aprender coisas novas.
Eu pelo menos vou encontrando de tudo... desde palhaços do circo que vao vestidos de gótico a Ingleses idosos que vivem em Portugal há 20 anos e nao trocam o nosso país por nada... vejam lá que há até quem encontre tipos que dizem fazer próteses de dedos e maos em silicone... realmente é uma sociodiversidade impressionante! (será que posso pedir direitos por este conceito? Nao é biodiversidade, é mesmo socio... ... se calhar nao...) 

É que as pessoas vao ali, num espaço confinado e num tempo pré-determinado, em princípio sem expectativas nenhumas de quem têm ao lado e se por acaso a viagem puder ser mais agradável com uma conversa de circunstância... ... todos procuramos sempre alguém que nos oiça!

Na minha última viagem Madrid-Lisboa encontrei na fila de embarque duas senhoras Brasileiras que tinham vindo na sua viagem pela Europa (parece que os Brasileiros fazem muito isso...). A conversa de circunstância começou pelo atraso do voo ainda na fila e alargou-se durante a viagem em vários temas que envolviam receitas dos seus avós Portugueses e a minha demanda por comprar feijao preto em Madrid.

Chegada a viagem quase ao fim e depois de analisadas dos seus e do meu ponto de vista as culturas de ambos os países uma delas exclama:

"Bem... mas eu nao sei nem o seu nome?"

É verdade... tínhamos começado a conversa com uma troca de palavras em tom de reclamaçao com a companhia aérea e nunca nos apresentamos.

"Chamo-me Igor Pinéu, prazer!"

"Como?"

"Igor, Igor!"

"Nao, qual é o seu último nome?"

(Ok... é normal... nunca ninguém percebe, deixa-me lá repetir, pensei)

"Pinéu, P-I-N-É-U... é um nome estranho... - e ia começar com a lengalenga do costume de como também em Portugal é estranho portanto é normal que no Brasil também nao o ouçam muito quando as duas em unissono:

"Paaaahhh ahahahah ahahah"! - gargalhada geral!

"Oi?" - disse eu, nao as Brasileiras.


Antes de continuar saio um bocado desta história e volto a uma outra que contei muito início ainda deste blog.
A Lista aqui em Espanha cresceu naturalmente. Os Espanhois também nao entendem bem o meu nome e chamarem-me Aigor, ou Aitor já nao me estranha (o ajudante do Drácula aqui nao se chamava Igor, mas antes Aigor, é a justificaçao... mas podiam ao menos nao fazer a associaçao, por uma vez na vida... mas nao, mudam-me o nome para que sim... é a minha sina!)

Voltamos ao aviao! Risos e gargalhadas depois:

"Ouve... do seu nome eu nao vou esquecer nao! - mais risos!

"Entao porquê?"

"Em Sao Paulo quando alguém está assim doido da cabeça, está louco, agente diz que «está pineuzinho!» porque há um hospital (reparem que "hospital" os brasileiros dizem "hospitau", os L's leem-se algumas vezes como U's) psiquiátrico que se chama Hospital Pinel (eu só percebi que era "Pinel" e nao "Pinéu", quando pesquisei, porque na altura pensei que era mesmo Pinéu, pela forma como o diziam)" - E riram-se de novo enquanto pediam desculpa, mas era demasiado engraçado!

E foi isto que eu aprendi na minha última viagem a Portugal... que quando for a Sao Paulo, devo dizer apenas o primeiro nome...

"Chamo-me Igor, muito prazer!"
Porque esta música acabou de me fazer o dia!
Tanta postagem diária no Fb... algumas merecem e valem o clique; e como nem sabemos como pode influenciar, ou alterar o estado de espírito, de outra pessoa.
Realmente, penso agora, nao somos nem donos dos nossos actos, porque depois de os fazermos, já nao nos pertencem, mas antes a quem os toma.
Obrigado ao Castanho pela postagem... penso que nao lês o meu blog, se o leres... estiveste bem!

4 de setembro de 2011

Provérbios 16

Acabo de lembrar-me (como pude estar tanto tempo sem escrever-lo?) é um dos meus provérbios favoritos!!! Lembrei-me agora mesmo porque estava a pensar que estava a escrever muitos Espanhois e lembrei-me deste Português que nao se ouve muito, é realmente um dos meus favoritos (uma máxima minha já):

Saber fazer e nao fazer, ainda nao é saber

Dedico este refrao a todos aqueles (comigo incluidissimo no grupo) que dizem frases como "Se eu estudasse sabia as coisas todas", "Eu sou um bom desportista, se treinasse ganhava várias medalhas!", "Se eu me organizasse conseguia ser muito mais eficiente que a maioria", "Se eu quisesse podia fazê-lo, mas da-me preguiça (ou - nao me apetece)", "Se, se, se, se..." Pois... saber fazer e nao fazer... ainda nao é saber... É o que eu me vou mentalizando...

Provérbios 15

Este é (para nao variar) made in Spain e nao é mais do que uma variaçao do no pasa nada... tao comum, tao característico e tao descritivo aqui de Espanha.
Quando alguém se preocupa porque vai chover, ou está a chover, e outro alguém vai molhar-se, esta terceira pessoa, se assim o entender, pode responder com um: Nao te preocupes...


...quando a chuva bate na pele, escorre!

2 de setembro de 2011

Pérolas

Existem momentos que só por si valem toda uma existência.

Lembro-me de um amigo me contar que certa vez, ele muito pequeno ainda, talvez uma das suas primeiras memórias, nao sei, que na terra dos pais presenciou um acontecimento que eu teria naquele momento pagado para ver.

Talvez contado assim nao vos pareça nada de mais, e nao o é na verdade, parece mais estupidez que outra coisa, e na verdade é-lo, mas o meu pensamento nostálgico foi "Já nao existem pérolas assim!"

Ele contou-me que na terra dos seus pais, certo dia, chegou a electricidade! E depois de ter surgido a electricidade nessa regiao remota surgiu, como de esperar, a primeira lâmpada.
E a sua memória, criança pequena habituada já às luzes da cidade, foi a de um homem anónimo encostar o cigarro à lampada puxar um trago limpo e dizer:

"-Que merda de fogo este, nao dá nem para acender um cigarro!"

Rimo-nos os dois quando ele terminou, mas o pensamento foi o que enunciei... bolas... nao existe mais este espanto, esta surpresa, nada é novo já! Nao existem ceifeiras mais...



No primeiro semestre do meu estágio clínico estive em Valência, vivi com um Colombiano. Como bom Colombiano gostava de festas e a casa tinha algumas visitas esporádicas.
Numa dessas visitas um rapaz Venezuelano, querendo acompanhar a bebida social que estavamos a tomar, puxou de um cigarro. Ninguém lá em casa fumava e por muito que procurassemos nao havia nada para o acender.
Entao o moço, desesperado por fumar o seu cigarro, acendeu a placa térmica do fogao e tentou acender o cigarro na placa.
A associaçao com o caso anterior nao me foi imediata mas o a risota foi maior!!
O rapaz com o cigarro intermitente na placa a dar pequenos tragos no filtro com o calor da placa a queimar-lhe a cara e os dedos... foi qualquer coisa de imperdível, fiz uma foto e tudo mas perdi-a!
Deixei-o com a sua demanda e passados uns minutos aparece-me ele de repente, com o cigarro entre o indicador e o dedo médio apontado para cima na minha cara dizendo:

"Vês vês consegui... acendi o cigarro!"

Tinha logrado a vitória!

Realmente... penso agora... a tecnologia está cada vez mais polivalente! E se nao existem ceifeiras mais, certamente nao deixou de haver quem tivesse vícios.