22 de junho de 2012

(Origem e actualidade da) Nanotecnologia (no vidro) e mais qualquer coisita

As estruturas nanométricas têm várias classificaçoes e podem, por exemplo, ser naturais: como alguns polens, o salitre ou algumas toxinas aéreas produzidas por diversas algas; ou produzidas (directa ou indirectamente) pelo homem: como os gases dos tubos de escape, o fumo do tabaco tem várias nanoparticulas (várias sao ingeridas...) ou o dióxido de titânio que muitas vezes reduzido à escala nanométrica nos dá a cor branca da tinta que temos nas paredes de nossa casa ou nos cremes protectores solares que usamos na praia.

Hoje sabemos e usamos tudo isto, mas ja há muitos séculos que muitos artesaos trabalham, sem saber, nesta escala.

O caso mais evidente é o dos mestres vidreiros!
Basta entrar em qualquer igreja antiga e apreciar toda a nanotecnologia que adorna de cores o seu interior. Os vitrais destas igrejas apresentam temas religiosos e coloridos.
Os vidreiros deste tempo, muito mais por tentativa e erro que por conhecimento empírico, foram percebendo que ao diluir porçoes de materiais como ouro, ferro, cobre, cobalto, etc podiam conseguir vidros com diversas cores. Perceberam ainda que o mesmo metal podia apresentar diversas cores, e que vários metais podiam ter a mesma cor!!!... O ouro umas vezes dava verde, outras violeta e em casos ideais um vermelho rubi intenso (estranhamente nao dava amarelo....).
Por estranho que pareça, a cor dos materiais é uma propriedade que varia com a escala, o ouro é amarelo sim, se for muito! porque se for pouco, mesmo pouco, pode ter muitas outras cores...

Uma das peças de vidro mais badaladas neste meio é o copo de Licurgo (Lycurgus cup) exposto no Museu Britânico e que representa, se nao me engano, a morte do rei Licurgo. É um artefacto interessante deixado pelos Romanos: se iluminado por fora tem uma cor verde, mas quando a mesma luz é incidida no seu interior fica vermelho.

O fenómeno pelo qual estas variaçoes acontecem é interessante e apenas medianamente complexo, mas deixemos isso para outra altura e continuemos agora a nossa História até aos tempos actuais.

Hoje é-nos possível, repito, entender e reproduzir estes feitos, melhora-los e usa-los de outras formas que nao apenas o embelezamento e a admiraçao passiva.


Esta foi a minha vista de dentro da camioneta que me leva ao aeroporto para ir para Lisboa.
Podem ver que o vidro da frente é completamente transparente a par que o vidro lateral, do lado direito, tem um tom esverdeado, isto nao é por acaso!
Os vidros da frente devem naturalmente permitir a melhor visibilidade ao conductor e estes nao têm mais ciência que um vidro normal de casa. Os vidros laterais no entanto devem ter outras funçoes, como por exemplo, impedir que os 30 graus que faziam lá fora entrem para dentro do autocarro tornando o ambiente desconfortável e com um gasto de energia em ar condicionado muito superior.
Este vidro tem nanoparticulas de Ferro que impedem a passagem de praticamente todas as radiaçoes infra-vermelhas (responsaveis principais pelo aquecimento).
A nanotecnologia ao serviço da comunidade.

Dito isto (e nao sei bem porque sigo agora por este caminho, mas parece que preciso do desabafo) os estudos dizem que os "jovens" estao cada mais capazes para operar sistemas - ontem disseram-me que eu era a "geraçao iPod"... já me tinham chamado "geraçao Rasca", "geraçao À Rasca", "geraçao Adiada", "geraçao Preservativo" (porque nao criamos icones, usamos e deitamos fora e esperamos a próxima moda), mas "geraçao iPod" foi a primeira vez - mas que no entanto sao muito mais ignorantes sobre a tecnologia que operam - toda a gente sabe brincar com o paint, mas poucos sabem o que fazer se a placa gráfica se estragar.

Já nao é normal encontrar um miúdo que abre a calculadora para ver como funciona, ou que mexe nos filtros do carro... e isto é normal penso eu, as tecnologias evoluíram muito e em direcçoes distintas, e as próprias marcas tentam tornar difícil a sua compreensao (como é que se abre um iPhone? ou se afina o motor de um BMW?...)!

No outro dia um colega de trabalho, mais velho, esteve a explicar-me como é que eu podia aceder, com voz, ao Google no meu telemóvel e há uns meses nao consegui conectar o GPS do carro de aluguer para ir ver um paciente... mas sei que é Ferro que estás ali naquele vidro...

Sou um inadaptado!...

Se calhar é isso, sou da "geraçao dos inadaptados".

20 de junho de 2012

Chili, Saladas e Bacalhau com Natas

Hoje nao me apetecia cozinhar, mas ando assim há vários dias e depois de variar entre pizzas e saladas preparadas achei que era hora de fazer algo em casa!
Queria algo rápido e bom, como diz o outro "bom, bonito e barato" e o que me ocorreu foi fazer chili...
Eu nunca tinha feito chili, nem vi nenhuma receita, mas meti dentro da panela carne picada com uma fritada, que é o que os Espanhois chamam um refogado de tomate, cebola, pimentos e uma ou outra coisa que desconheço (a fritada veio da lata claro...) e um monte de especiarias - entre elas duas malaguetas pequenas... uma delas já trinquei por acidente a meio do jantar e fiquei sem paladar para o resto............. a outra aguarda silenciosa na panela...... - e deixei a cozer, quando a carne estava pronta meti os feijoes vermelhos pré-cozidos, dei uma voltas e voilá! - diriam os Franceses, eu praguejei porque me queimei a servir-me.
O arroz branco foi desses que se poem no micro-ondas dois minutos e ficam feitos (acho que posso fazer concorrência à Nigella Lawson no que toca a cozinha rápida!!! ahah)
Estava bom mas, comer chili - quente e picante - no verao nao me parece uma coisa coerente....
Pensei nisto e achei que se algum Mexicano me ouvisse os pensamentos certamente me chamaria um nome e nao seria só ignorante!


Uma das coisas que me surpreendeu na Finlândia foram os almoços no trabalho.
Em várias ortopedias onde estive os profissionais paravam para comer, uma meia hora normalmente, e voltavam ao trabalho. Era como uma pausa apenas, nao contava sequer como "hora de almoço", o intervalo de tempo entre a entrada e a saida de trabalho eram oito horas, nem mais nem menos.
Além de em si me parecer estranho (ainda que trabalhar só oito horas me pareceu muito agradável) comer assim sem socializar muito; falar alto, comentar o puck (que é como quem diz "comentar a bola"... mas para eles futebol nao é uma coisa muito emocionante), a política, contar anedotas (desculpem a redundância agora!), enfim... comer! o que mais de estranhou foi a comida em si. Como em Portugal, as comidas típicas comem-se algumas vezes, nao se levam todos os dias para o trabalho, e também ali se comia comida normal. A questao eram as proporçoes! Era normal ter um prato cheio de salada com um hamburguer ao lado, ou queijo de ovelha, ou salmao fumado, ou salada no pao, ou com ovo, ou salada com salada... Comiam muita salada com diversas verduras e legumes!
Uma vez os confrontei-os com a realmente de que:
- É que... estao menos 10 graus la fora!! Como é que podem estar a comer algo frio? Se nao é quente nao é almoço, isso é, como muito, um lanche, ou um acompanhamento, nao?
Ao que os Finlandeses calmamente de explicaram o que, para eles, é senso comum:
- Mas Igor, metade do prato deve ser salada!
E eu, como em tantas outras ocasioes, abri a boca para ficar calado.


Muitas vezes, aqui em Espanha, me elogiam enormemente Portugal, e a comida Portuguesa é sempre um brazao do nosso país, toda a gente em Espanha fala bem da comida Portuguesa.
Uma vez em Toledo um comerciante dizia-me (depois de ter pago a saia para a namorada, já nao me estava a dar graxa): A comida em Portugal é uma coisa estranha... É boa, é barata e é muita!; e depois ofereceu-me uns brincos que combinavam com a saia, um senhor simpático...
Mas alguns dos nossos pratos também causam estranheza a alguns Espanhóis (bem... alguns poucos, uma colega de trabalho para ser mais preciso, porque todos os outros que ouvi comentar adoraram, mas a opiniao desta colega resultou-me curiosa).
O Bacalhau com Natas foi-me descrito por uma colega de trabalho como uma guarreria! que é como quem diz um nojo, uma porcalhice. A esta minha colega parecia-lhe muito esquisito que se juntasse no mesmo prato, bacalhau e natas... penso que pensou que seria como juntar pescada com molho bechamel...
Nunca tinha pensado nisto! Vendo bem, nao é uma associaçao directa, como batata frita com bife, mas acho que só demonstra como somos imaginativos os Portugueses! E como juntando duas coisas que parecem nao combinar pode sair uma melhor (fiquei a pensar no atum com o bechamel.... será que.... naaa).


Entre Mexicanos, Finlandeses e Portugueses ninguém se entende no que toca a comida! Menos mal, ou senao podia ser que estariamos todos a comer Balut...

Carros Modernos

Nao sei quanto a voces, mas ainda nao percebi esta nova tendência, esta nova moda, de por rímel nos carros... Sim, parece-me que quanto mais novo (e quanto mais caro!), mais se nota este efeito, por eyeliner nos faróis tornou-se um símbolo de design moderno e luxo...







A unica coisa que eu gostava de dizer aos designers barra engenheiros barra senhores-da-industria automóvel é:
Os carros estao lindissimos, é verdade, a minha namorada fica mesmo muito bem atrás daquele volante!
Também fazem destes para homem?


7 de junho de 2012

Provérbios 21 (e com boa vontade 22, 23 e 24)

Nas últimas semanas, casualmente, tenho ouvido tantos provérbios, expressoes, máximas e adágios que se  nao os escrever acabo por esquecer. Deixo agora um deles, que pelas minhas divagaçoes me traz à memória mais tres...
É que o conhecimento acaba por ser como as promoçoes de supermercado, mesmo quando nao queremos, levamos sempre mais qualquer coisa...

...

O contexto geral era ameno e descontraído como o obrigam as cervejas e as azeitonas, mas a situaçao particular foi ao mesmo tempo tensa e cúmplice entre os presentes.
Dirigia-se um ex-Chefe a um Empregado-antigo, falava-se de muitas coisas: da crise, da economia, das empresas, das novas leis. Falava-se de adaptaçao, falava o ex-Chefe que podia ser chamado também de Chefe-reformado, fica a gosto daqueles que gostam ora mais de prefixos ora mais de sufixos, e apelava à compreensao das medidas, à nao resistencia à mudança tao inerente ao ser humano. O Empregado-antigo mostrava-se reticente, apreensivo e até desanimado com o panorama geral, como se - como todos nós, nao fossemos todos excelentes treinadores do lado de cá da televisao - ele soubesse, pelos largos anos da sua vida, que aquele nao era o caminho, o caminho sabia-o ele melhor que outros, e nao era aquele.
Era um debate de ideias entre aquilo a que se podem chamar dois indivíduos da velha guarda!...
Pensando bem, talvez o término nao seja correcto, ou entao, temos de perceber que a velha guarda é igual à nova guarda, com as mesmas ideias e dúvidas, preconceitos e saberes.

Fico a pensar que se Heráclito tivesse conhecido as guardas talvez se tivesse desanimado e nunca tivesse aportado o seu célebre axioma, afinal, parece que as coisas ficam sempre na mesma...

A dado momento o Chefe expoe ao Empregado como ele mesmo - o Empregado - é um agente criador e fomentador activo destes tempos que critica.
Exposto isto, o silêncio introspetivo foi momentâneo mas geral, confirmando que quem consente cala...
E conclui desta forma o Chefe:

C - Nunca te esqueças E

a funçao do Policia é policiar, e a funçao do Ladrao é fugir.


Que é como quem demonstra que cada macaco nao está só no seu galho, se nao que está também bem situado e definido no seu meio. E se enchermos o galho com o significado acrescido pelos Brasileiros mas nao pelos Portugueses o provérbio fica ainda mais apurado/relacionado. É assim a Língua Portuguesa, cheia de duplicidades!